6.9.08

Dores de leitor











Algo de estranho se passa com a distribuição de jornais e de revistas. Não, não estou a falar de uma qualquer aldeia excêntrica saída do filme «Aquele querido mês de Agosto», mas de Benfica, em Lisboa, e de Setembro.

Até ontem, foi impossível encontrar o nº28 de Os Anos de Salazar.
Hoje, à hora do almoço, o Expresso tinha esgotado, não porque as vendas tivessem aumentado, mas porque todos os postos de venda terão recebido menos exemplares. À quinta tentativa, consegui comprá-lo «com defeito»: sem o caderno Actual.
Mas à terceira encontrei a revista LER – vá lá!...

4.9.08

«Não podemos ignorar» (2)














Depois de um post sobre «catolicices» que publiquei há dias, recebi um telefonema de uma amiga que vem desde os bancos da escola e que é das tais que «foram ficando» pelos catolicismos. Muito discreta, raramente deixa rasto, mas anda sempre por aqui perto: é madrinha de um blogger, foi catequista relativamente recente de outro (mas aqui não vai link porque ninguém tem nada a ver com isso) e queria dizer-me que eu sou a pessoa mais clerical que ela conhece - pela importância que dou ainda a posições do papa, de bispos e de outros que tais. Trocámos ideias sobre o assunto pela quinquagésima vez e registei a ideia, divertida.

Ontem (já hoje), a muito altas horas da noite, recebi um comentário ao mesmo post, acusando-me de anti-clericalismo primário: porque estou sempre à espreita do menor deslize das hierarquias para o sublinhar, porque, voluntariamente, faço o jogo dos «comunas» (sic) nos ataques à religião, porque, ardilosamente, espicaço e apoio os «maus» cristãos que dão cabo de tudo com missas esquisitas, defesas do aborto e outras coisas que tais. Não publiquei o referido comentário, não porque fosse ofensivo para mim porque não o era, mas pelos termos muito menos macios dos que aqueles que utilizei com que eram tratados «os irmãos na fé» da autora do comentário. Registei também, desta vez menos divertida.

Há, em Portugal, muito mais intolerância e fundamentalismo religioso activo do que talvez se pense. Acordamos para ele em períodos agudos, como foi o caso da campanha a favor da IVG em 2007, mas depois distraímo-nos. Lemos que as igrejas se vão esvaziando e, secretamente, alegramo-nos com o facto (é pelo menos o meu caso). Mas esse fundamentalismo obscurantista, e o intolerável moralismo que lhe está sempre associado, existe e aparece agora muitas vezes sob a capa de associações e ONG's beneficentes. Continua a minar este país, o profundo e o urbano, com grandes danos e muitas consequências.

«Portugal está na moda»

(via 5 Dias)

Mas com uma bandeira um tanto estranha, não?
Isto está complicado...

3.9.08

O amigo angolano












7/5/2008 - O Jornal de Angola atacou Bob Geldof por este ter afirmado, em Lisboa, que Angola era «gerida por criminosos», numa conferência organizada pelo BES e pelo Expresso.

3/9/2008, hoje - A SIC criticou o facto de as autoridades angolanas terem impedido a deslocação de jornalistas do Grupo Impresa a Angola para fazerem a cobertura noticiosa do acto eleitoral.
Também o Público e a Rádio Renacença terão sido impedidos de entrar.


17/7/2008 - Sócrates em Luanda: «Venho aqui dar uma palavra de confiança a Angola no trabalho que o Governo angolano tem feito que é, a todos os títulos, notável».

Dúvidas

ADENDA (*)

Alguém me pode explicar, como se eu fosse uma militante de base do CDS, para que serviu o pedido de demissão de um VP, que até o «núcleo duro» do partido desconhecia?

Alguma vantagem terá tido...
DN

(*) Pior a emenda que o soneto.

2.9.08

Venha quem vier

... deste nunca nos esqueceremos! Preocupações transcendentes.

Trevas













No início de 2007, tive uma inesperada conversa com a pessoa que me ajuda a manter esta casa em estado de limpeza e de arrumação minimamente aceitáveis. Interpelou-me então, acaloradamente, quando viu sacos com panfletos, pins e bandeiras a favor da despenalização do IVG – que nem queria acreditar que eu defendesse tais ideias, que era um crime matar crianças e tudo o resto que eu aturava dia e noite fora de portas mas que não esperava que me entrasse pela casa dentro.

Voltámos agora ao tema porque ela tem 43 anos, vai no quarto mês de uma nova gravidez (a quarta), fez uma primeira eco com resultados duvidosos, mas terá a criança qualquer que seja o resultado das seguintes – porque é testemunha de Jeová e tem «os seus princípios» (sic). Expliquei-lhe que também tenho os meus, talvez em parte porque não sou testemunha de Jeová. Esgotei, julgo que absolutamente em vão, todos os meus argumentos, numa conversa que não foi fácil até porque ela tem uma inteligência acima da média.

Nunca foi Miss Angola nem governadora dos muceques de Luanda, nunca se candidatará a VP de coisíssima nenhuma, já andou por vários países a fugir da guerra e da miséria, passa horas em transportes para vir dos confins onde mora até Lisboa, pede-me quase sempre que lhe pague ainda o mês vai a meio porque já tem a carteira vazia.

Hei-de perguntar-lhe amanhã se, no caso de ser americana, votava num negro como ela ou numa mulher que não aborta, também como ela. Tenho medo da resposta.

1.9.08

Aquele querido mês de Agosto

Já em Setembro, rendição total – o que em mim é muito, muito difícil no caso de um filme português.

«Achadiça» (expressão usada no filme para lisboeta) me assumi, com um sorriso nos lábios, durante duas horas de um espectáculo agradavelmente cruel.



(A não perder o que Osvaldo Silvestre escreveu, continuou a escrever e escreveu ainda sobre este filme.)

Regresso do Tarrafal













«Desembarquei na então “Capital do Império” em Agosto de 1945 – no mês em que se calaram, em definitivo, com o lançamento da bomba atómica sobre Hiroshima e Nagazaki, os últimos ecos da hecatombe mundial em que os países do eixo nazi-fascista (Berlim-Roma-Tóquio) tinham mergulhado, durante seis anos, a humanidade. Acompanhara, ao longo do derradeiro ano da guerra, com uma apaixonada expectativa, o desenrolar dos acontecimentos internacionais que anunciavam claramente a derrota daquela sinistra coligação. Sentia aproximar-se a hora da liberdade.»
(...)
«Ao atingir os vinte seis anos, tinha cumprido onze anos de cadeia! Nove desses onze anos tinham sido passados no inferno do Tarrafal!»

Excertos de um impressionante testemunho de Edmundo Pedro sobre o seu regresso do Campo de Concentração do Tarrafal. O texto pode ser lido na íntegra em «Caminhos da Memória» que hoje retoma a sua actividade normal.

Éolo, pró ou contra












«O quê, senão a política, leva um ciclone a dirigir-se a Nova Orleães, lembrando Katrina, o falhanço de Bush? E logo agora que os republicanos com Sarah Palin, a dos bons ventos do Alasca, tinham posto as surpresas a soprar a seu favor.»
(Fereira Fernandes no DN.)

« "Que le souffle des vents du Golfe nous porte vers la victoire… ", prie l’aumônier pendant que les délégués républicains baissent la tête en recueillement. Les vents du Golfe, c’est Gustav qui s’annonce sur la Nouvelle-Orléans et ses environs. La victoire, c’est celle de John McCain en novembre prochain.»
(Em Rue89.)