25.4.15

Antes que o dia acabe



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25 de Abril, na sede da PIDE


@Alfredo Cunha

Por volta das 20:30 do dia 25 de Abril de 1974, a partir das janelas da sede da PIDE, hoje transformada no condomínio de luxo Paço do Duque, os pides abriram fogo indiscriminado, do qual resultaram 4 (ou 5) mortes e 45 feridos que foram socorridos pela Cruz Vermelha e encaminhados para o Hospital S. José e Hospital Militar.

Pouco depois, unidades de Infantaria 1 (Amadora) e Cavalaria 3 (Estremoz), equipados com dois carro de assalto e uma autometralhadora, criam um perímetro estratégico em volta do edifício da PIDE/DGS.

(Som do Rádio Clube Português)
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Em verdade, em verdade vos digo



O homem pensa mesmo que ele e a Maria são «cidadões».
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«Nunca pensei viver»



Nunca pensei viver para ver isto:
a liberdade – (e as promessas de liberdade)
restauradas. Não, na verdade, eu não pensava
– no negro desespero sem esperança viva –
que isto acontecesse realmente. Aconteceu.
E agora, meu general?

Tantos morreram de opressão ou de amargura,
tantos se exilaram ou foram exilados,
tantos viveram um dia-a-dia cínico e magoado,
tantos se calaram, tantos deixaram de escrever,
tantos desaprenderam que a liberdade existe –
E agora, povo português?

Essas promessas – há que fazer depressa
que o povo as entenda, creia mais em si mesmo
do que nelas, porque elas só nele se realizam
e por ele. Há que, por todos os meios,
abrir as portas e as janelas cerradas quase cinquenta anos –
E agora, meu general?

E tu povo, em nome de quem sempre se falou,
ouvir-se-á a tua voz firme por sobre os clamores
com que saúdas as promessas de liberdade? Tomarás nas tuas mãos, com serenidade e coragem,
aquilo que, numa hora única, te prometem?
E agora, povo português?

Jorge de Sena, 40 anos de servidão

Numa televisão perto de si



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24.4.15

25



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Um país muito macho




Expresso diário de 24.04.2015.
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Dica (43)



Why Greece may be the new Lehman Brothers.

«Remember when in 2008 Hank Paulson’s U.S. Treasury Department decided to let Lehman Brothers go down, pour encourager les autres, and then found that it brought les autres crashing down too? Well, Germany and the other eurozone members are now trying to repeat that brilliant trick with Greece.» 
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Recordar a Arménia, no centenário do início do genocídio



Do primeiro genocídio do século XX, resultou quase um milhão e meio de mortos, deportações e milhares e milhares de fugitivos. Na noite de 24 de Abril de 1915, foram detidas e deportadas para a parte Leste do país mais de 200 personalidades («políticos» e «intelectuais»), acontecimento que passou a ser simbolicamente considerado como o início do massacre.

O processo foi aqui diferente do adoptado mais tarde pelos nazis, já que a limpeza étnica não se baseou em teorias raciais. Por exemplo, dezenas de milhares de mulheres e crianças foram raptadas e adoptadas por famílias muçulmanas e depois convertidas.

Famílias inteiras fugiram, dispersando-se primeiro pelas terras mais próximas e depois um pouco por
todo o mundo. O país tem ainda hoje uma vastíssima diáspora que sonha, maioritariamente, em regressar a casa e reconstruir a «Grande Arménia». Registo um caso particular com que lidei quando passei uns dias nessas magníficas e sofridas paragens: a guia que acompanhou o grupo em que me integrei, muito jovem, era iraniana / arménia e os avós escaparam por um fio ao Genocídio. Fugiram com a família, andaram pela Rússia e acabaram por se instalar no Irão. Multiplicaram e os descendentes por lá se mantêm, sonhando com a possibilidade de regressarem à terra dos antepassados, que querem ajudar a reconstruir. Não é fácil para todos, mas foi o que esta neta já fez: guia e intérprete de espanhol em Teerão, foi deixando de ter trabalho por diminuição de visitantes àquelas paragens (por razões óbvias) e aproveitou o movimento inverso de desenvolvimento do turismo na Arménia. Uma irmã já se lhe juntou e espera que mais possam «regressar» a uma espécie de terra prometida – é assim que a sentem.

Charles Aznavour, nascido em França mas filhos de emigrantes arménios, verdadeiro herói nacional, canta em honra dos que «caíram» nesta terrível fase histórica de barbárie:



P.S. – A foto que está a meio do post é do monumento comemorativo do 50º aniversário do Genocídio, que vi em Echmiazin.
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Grécia e a banalidade do mal

Alternativas: afinal existem



«Um grupo de 12 economistas fez, a pedido do PS, um conjunto de propostas económicas para os próximos quatro anos. (...)

Durante anos, ouvimos dizer que não existia alternativa. Confesso que, quando este Governo – e a comunicação social em geral – veio dizer que não havia alternativa, foi o maior desgosto que já tive desde que descobri que não existia Pai Natal. Sempre pensei que havia, algures por aí, uma alternativa escondida num bosque de cogumelos altos à espera de ser encontrada. Tinha razão. Afinal, havia outra. (...)

A alternativa é um animal com uma capacidade de multiplicação extraordinária, até em cativeiro, pois a este novo casal de alternativas, podemos, agora, juntar todas aquelas alternativas, que não eram alternativa, porque eram demasiado alternativas para um país que não tinha alternativa. Essas alternativas deixaram, assim, de ser demasiado alternativas, uma vez que passou a haver uma alternativa que as torna menos alternativas, se comparadas com a não existência de alternativa; que é agora, também, ela própria, apenas, mais uma alternativa. Fui claro? Claro.

Posto isto, percebe-se a reacção dos partidos da maioria e do Governo. Passar a ser apenas mais uma alternativa, onde antes eram lei, é uma despromoção que causa incómodo. Compreende-se que venham reagir antes de ler a proposta porque, para eles, a proposta não existe. Não pode existir, porque não há alternativa. Nem que a alternativa aparecesse em cima de uma árvore, tendo como testemunhas três pastorinhos, eles acreditavam na sua existência.»

João Quadros

23.4.15

Obrigada, C. M. de Lisboa



A minha conta da água, hoje recebida: x de consumo + 132% de 10 diferentes taxas = y.

E não se venha com o argumento de o IMI ser mais barato em Lisboa: nem toda a gente que toma banho é senhorio.
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Há 79 anos, o Tarrafal



A Colónia Penal do Tarrafal foi criada pelo Governo de Salazar ao abrigo do Decreto-Lei n.º 26. 539, de 23 de Abril de 1936.

No dia 29 de Outubro de 1936, chegaram os primeiros 153 deportados. Mais exactamente, desembarcaram no local onde eles próprios foram obrigados a construir o campo de concentração que os encarceraria. Durante a existência deste «Campo da Morte Lenta», por lá ficaram 32 vidas, 32 pessoas cujos corpos só foram transladados para o cemitério do Alto de S. João, em Lisboa, em 1978.


Nunca esquecer!

P.S – Clicando na «Label» TARRAFAL, no fim deste post, encontrará neste blogue muitos textos relacionados com essa terrível realidade da nossa História. 
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Candidatos e mais candidatos!



Ricardo Araújo Pereira, na Visão de hoje:

«É preciso explicar que, de acordo com a lei, podem ser candidatos à Presidência da República todos os cidadãos portugueses maiores de 35 anos, mas não convém que se candidatem todos ao mesmo tempo. (...)
O facto de a Presidência da República atrair cada vez mais candidatos apalermados é muito difícil de compreender.»

Na íntegra AQUI.
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Qualquer semelhança com a actual realidade é pura coincidência



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PS, PSD e CDS: o nosso triângulo das Bermudas?



«Em 1968, nos Jogos Olímpicos do México, Dick Fosbury venceu o salto em altura, saltando de costas. Estava inaugurada uma nova ideologia: o Fosbury Flop.

Uma década depois, a hegemonia estilhaçou-se: Vladimir Yashchenko venceu a prova com uma técnica que era encarada como extinta: a da rotação frontal. A política portuguesa vive, neste momento, o seu momento Fosbury Flop: qual é a melhor forma de ultrapassar a deprimente austeridade que destruiu a classe média e aniquilou a falsa segurança em que vivíamos, entre o Estado, a PT e o BES? PS, PSD e CDS, eterno triângulo das Bermudas onde se divide o poder e onde as esperanças dos portugueses são depositadas e se afogam, têm aparentes propostas diferentes para sair da crise. Mas todas elas vivem tementes da dívida, do défice e, sobretudo, do poder de Bruxelas. (...)

Portugal continua refém da dívida. E assiste cada vez mais ao estilhaçar de um Estado social onde a forma de sustentar a segurança social e as pensões é uma dor sem paliativos. Por isso, o jogo político à volta da TSU parece digna do Frankenstein da "desvalorização interna" que hoje se tornou a ideologia oficial do PSD e do PS. O que não deixa de ser fantástico. E que mostra como Portugal está refém da ideologia única de Bruxelas. Ganhe quem ganhar.»

Fernando Sobral
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22.4.15

O ovo de Colombo?


 
Daniel Oliveira, no Expresso diário de 22.04.2015.
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Dica (42)



Europe Should Protect People, Not Borders.

«It's possible that 20 years from now, courts or historians will be addressing this dark chapter. When that happens, it won't just be politicians in Brussels, Berlin and Paris who come under pressure. We the people will also have to answer uncomfortable questions about what we did to try to stop this barbarism that was committed in all our names.

The mass deaths of refugees at Europe's external borders are no accidents -- they are the direct result of European Union policies.»
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O PDF do PS – primeiras reacções (3)


«Onde é ideológico, mostra um entusiasmo pela soluções liberais para o “mercado de trabalho” que o PS nunca tinha expressado. 
Abandona a ideia do Estado estratego, reforça o primado do mercado nas escolhas sociais. Diz ao que vem. Onde é concreto, confirma essa ideologia:
  • Abandona qualquer ideia de reestruturação da dívida soberana, 
  • Ignora as sugestões anteriores do PS sobre a “leitura inteligente” do Tratado Orçamental e recusa uma intervenção para o corrigir ou ajustar, 
  • Ignora a questão da estabilidade e confiança no sistema de crédito e da consistência dos balanços dos bancos, 
  • Garante a continuidade das políticas de trabalho do governos das direitas, rejeitando a devolução de direitos retirados, 
  • Recusa a decisão do Tribunal Constitucional, adiando a reconstituição de salários e pensões, 
  • Propõe a redução do valor real das pensões em 8%, excepto das pensões mínimas, 
  • Indica o aumento da idade da reforma, de modo não especificado, 
  • Conduz à redução da remuneração média por trabalhador em 7%. 
  • Não define uma escolha sobre a privatização da TAP.»

Vamos fazer o que ainda não foi feito? (José M. Castro Caldas)
«Uma reestruturação, essa sim inteligente, da dívida permitiria aliviar a restrição orçamental não só para repor salários e pensões, mas para recuperar a administração pública da sangria de trabalhadores a que tem sido sujeita, estimular o investimento público e privado e criar emprego. A reestruturação permitiria respirar e crescer e até garantir um orçamento suficiente (isto é, não dependente do financiamento externo). Mas para isso era preciso um governo que não se limitasse a ir a Bruxelas, como o Governo tem feito e como o PS agora parece querer fazer, de braços caídos, conformado com o que parece ser uma armadilha de betão.» 
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O PDF do PS – primeiras reacções (2)



«Já sabíamos que a social-democracia europeia era uma corrente política em coma profundo – ou que já morreu e ninguém nos avisou. Através do chamado “consenso europeu” tem acumulado derrotas sobre derrotas político-ideológicas. Ontem, foi a vez do PS português nos mostrar a sua versão particular desta derrota: inventou uma liberalização de despedimentos, recuperou a Taxa Social Única e decidiu dar um pontapé na sustentabilidade da Segurança Social para as gerações futuras.» 
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As portas do Inferno da UE



«As portas do Inferno por onde Dante passa na "Divina Comédia" têm uma frase inscrita: "Deixai toda a esperança, vós que entrais". A União Europeia tem a sua própria porta do Inferno: é o mar Mediterrâneo. (...)

Os refugiados, fugidos da guerra e da morte, são hoje milhares. E amanhã serão milhões. Vindos do centro de África e não apenas da Líbia e da Síria. É isso que a aristocrática e flácida Europa é incapaz de perceber. Porque agora está perante um dilema insolúvel: por um lado quer limitar os emigrantes vindos de África (até com medo de terroristas), mas por outro a avalanche de refugiados será impossível de suster.

Não sendo um paraíso, a Europa representa a fuga à morte pela fome, pela falta de opções de vida e pelos grupos terroristas, do Estado Islâmico ao Boko Haram. Mas a catástrofe que estamos a ver é o fruto da política de Disneylândia mortal que a UE e a NATO aplicaram a África. Em nome da democracia desmantelaram os Estados que serviam de tampão, a Líbia e a Síria. Pela sua altivez nunca investiram na criação de riqueza e emprego nos países africanos, para que aí os seus povos pudessem viver em alguma harmonia. Pela sua idiotice permitiram a proliferação de grupos armados que hoje traficam seres humanos, destroem marcos de civilizações antigas, corroem estruturas de Estado e impedem a paz.

A UE cavou a sua própria sepultura. Porque os mortos que se irão continuar a acumular entre os desertos de África (porque aí morrem mais do que no Mediterrâneo) e o mar que foi da paz vão ser o inferno da Europa.»

Fernando Sobral

21.4.15

O PDF do PS – primeiras reacções


«Que dizer disto tudo, e de algumas medidas positivas aqui e ali, caso do simbólico imposto sucessório, ideal para colocar na lapela em Abril? Tudo pesado, trata-se do mais longo e rigoroso relatório de abandono da social-democracia jamais escrito no país, em linha com a aposta num euro que estará associado, também se depender da vontade do PS, a duas décadas perdidas para o país, mas ganhas para as privatizações que o PS no fundo prosseguirá.»

«Assim, seria bom que PSD, CDS e PS respondessem com clareza a uma questão: se após as eleições tiverem de escolher entre a criação de emprego e o cumprimento do Tratado Orçamental, como tudo indica que acontecerá, qual será a vossa escolha?»
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Nuno Bragança



Amanhã, andarei por aqui.
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Dica (41)




«Questiono-me se uma ou mais pessoas em ambos os lados destas conversações possam simplesmente estar a avaliar mal a situação. Podemos estar à beira de um daqueles momentos de sonambulismo da história da Europa.»
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Afogados de terceira



«En aguas del Mediterráneo se hunde un Titanic sigiloso y cutre cada poco tiempo, docenas y docenas de Titanics con su triste carga de Di Caprios anónimos, Di Caprios famélicos, Di Caprios de piel negra, miles y miles de hombres, mujeres y niños. La millonaria Kate Winslet ya no viaja a bordo, toma el sol tumbada al sol en las playa de Italia y de España, convenientemente horrorizada por esa cíclica tragedia que la estremece lo justo para recordarle el valor y el sabor de la vida. Por lo demás, Kate Winslet, en el papel de Europa, hace los mismos gestos que la joven heredera subida a su barca, llora un poquito por el muerto mientras lo aleja hacia las profundidades, con una pelota de goma a ser posible. Luego, la subida de los tipos de interés, la crisis griega, el peligro de la inflación, un avión estrellado en medio de los Alpes o un niñato asesino con una ballesta reclama su atención hasta el próximo naufragio.

El hundimiento del Titanic profetizó el siglo que se avecinaba por varias razones, desde la soberbia tecnológica hasta la orquesta que puso banda sonora a la catástrofe, y no fue la menor el hecho de que la repercusión mediática de la noticia – su tratamiento en la prensa de la época, en la literatura y en el cine – adoptase la perspectiva de una tragedia de clase alta. Hoy los Titanics que cruzan a rastras el Mediterráneo no son altivos trasatlánticos de primera clase sino viejos pesqueros sobrecargados y fletados por las mafias, humildes pateras y gabarras desarboladas. Ya no los hunde un iceberg a la deriva sino el hacinamiento, el exceso de pasajeros, el hambre, el pánico, la codicia de los traficantes, la abulia criminal de esta Europa anémica cuyos valores de libertad, igualdad y fraternidad hace mucho que naufragaron en el océano de los índices Mientras tanto, y como recordaba Lorca, el mar es el único que recuerda de pronto el nombre de todos sus ahogados.»

(Daqui.)
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20.4.15

Gentes do antigamente


Quem não se lembra disto? Morreu Richard Anthony.


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Há imigrantes ilegais?



Henrique Monteiro no Expresso diário de 20.04.2015:

(...)
(...)
(...)
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Mar Morto


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Ana Vicente, antifascista também



Conheci-a há muito, muito tempo, teria ela uns 19 ou 20 anos. Surgiu ontem a notícia da sua morte, infelizmente nada inesperada, já que há anos que lutava, com uma coragem inaudita, contra um terrível cancro. Hoje, recorda-se a escritora, a feminista, a católica que foi uma das principais responsáveis. do movimento «Nós também somos Igreja». Duvido que alguém se lembre de ir até à sua juventude e de lembrar que ela não acordou para a luta nas últimas décadas, mas sim bem antes do 25 de Abril.

Em 1963, foi uma das primeiras colaboradoras do jornal clandestino «Direito à Informação» (lançado por católicos e que foi o primeiro a difundir notícias sobre a guerra colonial) que teclava dolorosamente à máquina nos malfadados estênceis de má memória. Disse-me há pouco tempo que foi o seu primeiro passo de militância, ela que de política pouco ou nada percebia até então.

Passou a participar em actividades várias dos chamados «católicos progressistas, foi membro da direcção da cooperativa Pragma e, quando esta foi encerrada pela PIDE em 1967, o facto deu-lhe direito a passar alguns dias detida em Caxias. 

Registe-se também esta faceta da sua juventude, neste dia em que nos fica na memória a sua firmeza, a sua persistência – e o seu sorriso também. 
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19.4.15

Dica (40)




«Exmo. Senhor Presidente Jacob Zuma 
Lembramo-nos de si em Maputo, nos anos oitenta, nesse tempo que passou como refugiado político em Moçambique. Frequentes vezes nos cruzámos na Avenida Julius Nyerere e saudávamo-nos com casual simpatia de vizinhos. Imaginei muitas vezes os temores que o senhor deveria sentir, na sua condição de perseguido pelo regime do apartheid. Imaginei os pesadelos que atravessaram as suas noites ao pensar nas emboscadas que congeminavam contra si e contra os seus companheiros de luta. Não me recordo, porém, de o ter visto com guarda costas. Na verdade, éramos nós, os moçambicanos, que servíamos de seu guarda costas. Durante anos, demos-lhe mais do que um refúgio. Oferecemos-lhe uma casa e demos-lhe segurança à custa da nossa própria segurança. É impossível que se tenha esquecido desta generosidade.»
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O massacre judaico de Lisboa



19 de Abril de 1506. Ler este texto de Jorge Martins.
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Mediterrâneo




Quando assistimos a isto.
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Da bestialidade

«Se o Syriza cai, o próximo governo será dos neonazis»



De uma longa entrevista a Stelios Kouloglou, jornalista e eurodeputado:

«"Hemos pasado de la vieja Troika a la nueva, la de las amenazas, chantajes y ultimátums. Pero no nos rendiremos". (...)

Inmediatamente después de las elecciones, de la victoria de la izquierda de Syriza, comenzó una operación para estrangular económicamente al país, y el Banco Central Europeo nos ha cortado cualquier vía de financiación. Syriza se enfrenta hoy a la misma situación que vivió el Chile de Salvador Allende en los años 70. Richard Nixon ordenó a la CIA que acabase con su economía, y una de sus primeras medidas fue cortar el crédito de EEUU a los bancos. Pero si cae Syriza el próximo Gobierno será de la derecha, de la extrema derecha de los neonazis de Amanecer Dorado, y esto podría impulsar a su vez al Frente Nacional de Marine le Pen. Syriza es la última esperanza de la democracia, y si llegan los neonazis esta esperanza se habrá extinguido. (...)

Están estrangulando la economía para forzar al Gobierno a abandonar sus promesas electorales, para que sigamos las líneas que ya siguieron quienes gobernaron antes. Son las líneas que nos llevaron a la catástrofe, y quieren que sigamos el mismo camino. Dicen que para darnos más dinero tenemos que seguir el programa que nos dictan, este es su juego. (...)

Las instituciones calculan que necesitamos cerca de 2.000 millones, y eso no es un importe tan grande como para que un país declare la bancarrota, para que toda la Eurozona y la economía mundial tengan problemas. Es un juego político. Este miércoles, el FC Barcelona jugó un partido contra el París Saint Germain: el precio de los fichajes de los jugadores que pisaron el césped era de 1.000 millones. 2.000 millones no es tanto dinero para un país, pero lo que importa es que el Gobierno alemán no quiere aceptar que la política que ha recetado ha fallado estrepitosamente. La historia lo ha demostrado: todos los poderes hegemónicos se han negado a reconocer sus errores. Tienen miedo a que el Gobierno griego tenga éxito y haya cambios, a que esto se propague por Europa. La política que han defendido e impuesto cambiaría, y no quieren eso. (...)

No tenemos ningún plan B. Tenemos que solucionar la crisis dentro de la Eurozona, eso es todo. Y si algo pasa, si caemos en bancarrota, no habrá sido culpa nuestra. La culpa será de quienes nos dejaron caer.» 
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